Caracterização Histórica
O Concelho da Guarda fica localizado na província da Beira Alta, confinante com os concelhos de Celorico da Beira, Pinhel, Sabugal, Manteigas e Belmonte. Trata-se de um concelho de dimensão média, composto por 52 freguesias rurais e três urbanas, compreendendo três bacias hidrográficas: Mondego, Côa e Zêzere.
Situa-se no último esporão Norte da Serra da Estrela, sendo a altitude máxima de 1056 m (na Torre de Menagem do Castelo), dominando a portela natural do planalto beirão. Corresponde à cidade mais elevada do país, com domínio visual dos vales do Mondego e do Côa, o que cedo se manifestou como carácter preponderantemente defensivo.
As condições que o concelho apresenta não são as mais propícias à instalação de uma comunidade humana, todavia alguns elementos permitem datar uma presença humana em épocas remotas, como o final do Neolítico, princípios do Calco lítico, com um testemunho funerário, a anta de Pêra do Moço (freguesia de Pêra do Moço), datada do IIIº milénio.
Por todo o concelho encontram-se vestígios da Idade do Bronze e do Ferro, em sítios com uma defensabilidade natural, dominando vastos vales. Esta presença está, sem dúvida, relacionada com a prática da mineração, nomeadamente do ferro e do chumbo, e o controlo das portelas naturais, por onde circulavam as rotas do minério.
Em período medieval, a Guarda faria parte de uma malha de fortificações, sendo uma das mais importantes na escala hierárquica. Desta malha faziam parte outros castelos que teriam como função a defesa da fronteira com Castela e Leão, e da portela natural de travessia da Serra da Estrela. Do castelo da Guarda é possível um contacto visual com outras fortificações, como o Castro do Jarmelo (com ocupação medieval), Celorico da Beira, Trancoso, entre outros. "O papel que à Guarda foi destinado pelo seu fundador, que, em última análise, apenas pretendia ocorrer às necessidades políticas do reino, era o «guardar» a fronteira, ligando pela supremacia militar e topográfica as fortificações [...] como Linhares, Celorico, Trancoso [...]" (AGUIAR, 1941a: 29).
Foi a posição de destaque da cidade face ao território envolvente e compreendendo a importância de uma cidade poderosa no local em questão que levou D. Sancho I a atribuir foral à Guarda, a 27 de Novembro de 1199, visando o seu desenvolvimento e prosperidade.
A história da cidade da Guarda, nomeadamente do planalto que o Centro Histórico ocupa, tem início em época medieval, com os alvores da nacionalidade portuguesa . É sobretudo com o avanço do processo da reconquista até à linha do Mondego, com a conquista da cidade de Coimbra, que os monarcas portugueses se vão preocupar com a criação de mecanismos de defesa que permitam a formação de barreiras face aos avanços almóadas e leoneses para territórios recentemente conquistados. Assim, a instalação de pequenas comunidades em locais estratégicos, as atalaias, era um processo urgente de implementar, como forma de defender a fronteira e as portelas naturais.
Este será o caso da cidade da Guarda, cuja génese corresponde a uma pequena fortificação, conhecida como a Torre Velha, localizada na zona do Torreão. Como afirma SOUSA a cidade antes da atribuição do foral "[...]mais não seria que uma comunidade de pequena dimensão, dinamizada por colonos da região, mas também por alguns francos, guardada por uma pequena atalaia ou torre - uma guarda - que vigiava a circulação de gentes e bens que percorriam a via colimbriana, o principal eixo de penetração no planalto beirão." (SOUSA, 1999: 15).
GASTRONOMIA
“ O Vale do Mondego. Torrão verdejante e íntimo a dois passos, pode dizer-se, da paisagem escavada severa e montanhosa do promontório da Guarda. Saborosas frutas. Alguns soutos ainda”.
Sant’ Anna Dioniso in Guia de Portugal – Beira III Volume Edição Fundação Calouste Glubenkian 1985.
“ O fundo do Vale regado por águas derivadas do rio é uma sucessão contínua de pomares, campos de milho e feijão, grupos de árvores silvestres, castanheiros e vinhas. As encostas olivedos, soltos, bosques de carvalhos.”
Alexandre Herculano in Scenas de um ano da minha vida e apontamentos de viagem. Edição de Lisboa 1934.
Era dos férteis vales, que lhe deram o epíteto de farta, que chegavam à Guarda os produtos que tanta fama deram à nossa gastronomia. Hoje em dia as “matérias prima” já não chegam só dos férteis vales, mas a arte de as transformar em sabores únicos continua. Na Guarda a gastronomia é rica e variada baseada na boa tradição beirã.
O caldo de grão e a sopa de castanha, as trutas, o bacalhau à Conde da Guarda, o bacalhau assado à lagareiro, bem regado com azeite novo; as morcelas, os torresmos, o bucho com grelos e cabrito assado em forno de lenha. As cerejas, maçãs, e pêssegos, ainda hoje produzidas nos vales e de sabor inigualável. Para terminar a sua refeição não deixe de provar as deliciosas sobremesas: o arroz- doce, o leite- creme, as filhoses e o tão afamado e delicioso queijo da serra.
GEOGRAFIA
LATITUDE: 40º32’28”
LONGITUDE: 7º16’02”
ALTITUDE: 1 020m
Sede do concelho com 709km (quadrados), e capital de distrito, está situada a mais de mil metros de altitude, sendo assim uma das mais altas da Europa. O concelho, hoje importante centro administrativo, de serviço e comercio, e servido por um estabelecimento de ensino superior, é importante pela criação de gado bovino e consequente produção de leite de vaca, batatas e industria de derivados do castanheiro.
Do ponto de vista da geografia física, a Guarda situa-se num ponto de contacto entre grandes unidades morfológicas: com o bloco da Meseta, com uma extensa zona planáltica, a norte, e com a serra da estrela, a ocidente. Em termos geológicos a cidade e a sua região assenta numa massa granítica homogénea de formação muito antiga.
Guarda é a cidade mais alta de Portugal, quanto à altitude da área urbana do município, com altura média de 1.056 metros.
O clima da cidade é temperado, com relativa influência mediterrânea, visto que no verão há uma curta estação seca. Os meses mais quentes são Julho e Agosto, com temperatura média de 17ºc, e o mês mais frio é Janeiro, com média de 3ºc. O mês mais chuvoso é Janeiro, com pluviosidade média de 241mm, e o mês mais seco é Agosto, com média de escassos 15mm. A temperatura média anual é de 10ºc e a pluviosidade média anual é de 1. 713mm. É considerada uma das cidades mais frias de Portugal, chegando a experimentar alguns dias do ano com precipitações de neve.
Etiquetas: Vera e Sara
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